A gravidez e um momento especial na vida de uma mulher, uma experiência única para a mulher, para o seu companheiro e para a família em geral. Época plena de mudanças e descobertas de emoções e comportamentos até ai desconhecidos, novas identidades, novos significados existenciais e novos papéis.
Momento de gravidez é também gerador de novas exigências e necessidades afectivas em relação aos outros, em particular, ao filho, a quem a mulher se sente ligada desde o inicio por uma relação de dependência mútuo e progressiva.
Segundo a teoria de vinculação, o desenvolvimento de relações afectivas corresponde a um processo psicológico normativo, adquirido ao longo da evolução filogenética e fortemente enraizada no reportório humano.
A figura de vinculação é permanente fonte de segurança para a criança. Quando se sente ameaçada, busca protecção e conforto junto da mãe, revelando comportamentos de vinculação como o aproximar-se, o choro ou procura de contacto.
Tradicionalmente, prevalecia a ideia de que a ligação mãe-bebé é iniciada por altura do nascimento, no entanto, e contrariando a imagem da passividade psicológica da mulher grávida em relação ao feto, é hoje consensual que se começa a formar durante a gravidez uma relação afectiva ao bebé.
Muito antes do nascimento, existe uma forte união, a mãe sente o seu filho como fazendo parte de si e partilhando consigo uma história recheada de experiências e momentos únicos, vividos a um nível íntimo e exclusivo.
A ligação afectiva é fortalecida ao longo da gravidez em particular a partir do segundo trimestre, altura em que os movimentos fetais começam a ser percebidos.
Por vezes a gravidez não corre bem e surge um aborto espontâneo. A impossibilidade de conhecer um bebé que se amou muito pode ser um evento extremamente complicado para a mãe, pai e a família. Quando ocorre a perda de um bebé, surge um período de dor e sofrimento que a mulher tentará ultrapassar. A perda de um filho é um processo de traumático ligado á perda de um objecto de amor.
Enfrentar e ultrapassar um aborto é uma tarefa que coloca em causa o equilíbrio psicossomático da mulher. A maioria das mulheres que sofre de aborto espontâneo consegue ultrapassar a perda, sem sofrer de perturbações psicológicas associadas.
Mas o aborto pode ser bastante traumatizante, gerando perturbações psicológicas como a depressão e a ansiedade.
As mulheres que sofreram aborto espontâneo são consideradas um grupo de risco e devem ser acompanhadas se existirem indícios de sequelas psicológicas desse aborto.
As mulheres que sofreram aborto espontâneo são consideradas um grupo de risco e devem ser acompanhadas se existirem indícios de sequelas psicológicas desse aborto.
Alguns dos sintomas apresentados anteriormente são normais no período inicial e fazem parte do processo natural de luto. No entanto, alguns destes sintomas permanecem durante muito tempo, afectando ou comprometendo o regresso à vida normal. Algumas mulheres sentem que jamais poderão ultrapassar a perda.
O Processo de Luto Normal
As perdas experienciadas pela mãe e pai, durante a gravidez ou puerpério geram respostas emocionais específicas, cuja natureza abarca várias manifestações.
Manifestações afectivas
- Tristeza
- Solidão
- Culpa
- Raiva
- Ansiedade
- Apatia
- Choque
- Desespero
- Desamparo
Manifestações comportamentais
- Agitação
- Fadiga
- Choro
- Isolamento
Manifestações cognitivas
- Pensamentos de preocupação com a criança- Sensação da presença da criança associada a alucinações visuais ou auditivas
- Baixa auto
-estima
- Falta de memória
- Dificuldades de concentração
Manifestações fisiológicas
- Perda do apetite
- Insónia
- Queixas somáticas
As respostas emocionais mencionadas estão associadas ao trabalho de elaboração psicológica da perda, conhecido por Processo de luto. Este é um processo de adaptação à perda. É uma experiência profunda e dolorosa, que implica sofrimento, mas também a capacidade de encontrar alguma esperança, conforto e alternativas de vida significativas.
É importante referir que o período de dor e sofrimento correspondente ao luto por uma perda, é normal e deve ser encarado como saudável e necessário. É a sua ausência que merece mais atenção, pois isso pode indicar a presença de uma perturbação psicológica.
É importante referir que o período de dor e sofrimento correspondente ao luto por uma perda, é normal e deve ser encarado como saudável e necessário. É a sua ausência que merece mais atenção, pois isso pode indicar a presença de uma perturbação psicológica.
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